A colonialidade do salário e do trabalho não remunerado

O paradigma da modernidade implementou um conceito de trabalho excludente associado diretamente com o trabalho produtivo e a geração de mais-valor. Outras manifestações diferentes do trabalho foram despreciadas como arcaicas ou obsoletas, quando não simplesmente invisibilizadas. Mesmo que por trás do ocultamento, revela-se de fato, uma divisão internacional do trabalho racializada e generizada articulada pelas diversas formas de controle de trabalho articuladas pelo modelo capitalista. Nessa categorização, as relações salariais – apesar de sua extensão atual – têm sido quase exclusivas da população branca masculinizada dos países centrais, enquanto as formas não salariais de trabalho destinam-se à população racializada – e, em certos momentos, feminizada – do mundo periférico. Portanto, é necessário integrar o trabalho não remunerado nos quadros de análise que permitam compreender seu papel na reprodução capitalista e o sustento do padrão colonial de poder.